segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Faliz Natal


O que te peço, Senhor, é a graça de ser.
Não te peço mapas, peço-te caminhos.
O gosto dos caminhos recomeçados,
com as suas surpresas, as suas mudanças, a sua beleza.
Não te peço coisas para segurar,
mas que as minhas mãos vazias
se entusiasmem na construção da vida.
Não te peço que pares o tempo na minha imagem predilecta,
mas que ensines os meus olhos a encarar cada tempo
como uma nova oportunidade.
Afasta de mim as palavras
Que servem apenas para evocar cansaços, desânimos, distâncias.
Que eu não pense saber já tudo acerca de mim e dos outros.
Mesmo quando eu não posso, ou quando não tenho,
sei que posso ser, ser simplesmente.
É isso que te peço Senhor;
a graça de ser de novo.

José Tolentino Mendonça

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